​Final de ano, festas e ansiedade

03 de Janeiro, 2019

Final de ano, festas e ansiedade

Chegamos na reta final de mais um ano. 2018 está ficando para trás e 2019 já é uma realidade, surgindo logo ali. Antes do brindarmos o novo ano, porém, temos um período que o antecede, de agendas lotadas, diversos compromissos profissionais, familiares, pessoais. A impressão que se tem é de que não vai dar tempo de se fazer tudo, de que não daremos conta. Se a realidade externa é por demais demandante nesta época, é inevitável que pouco sobre para nossa realidade interna. Não podemos (ou não queremos) pensar em nada que nos dê muito trabalho, muito desgaste, afinal já estamos envolvidos com tantas outras atividades. O problema é que nossa estrutura psíquica não tem um botãozinho de liga e desliga de acordo com o que nos convir no momento. Podemos até optar em deixar as emoções de lado, mas elas não se apagarão, ficarão lá, guardadinhas, para se manifestarem em algum momento. A época de festas geralmente é um destes momentos.

Passado o frenesi de compromissos, com algum tempo disponível e a cabeça mais livre, sobra espaço para um (inevitável) mergulho interior. São as chamadas reflexões, comuns neste período do ano. Só que estas reflexões quase sempre não são fáceis e, não por acaso, o sentimento mais relatado na clínica e também motivador de procura profissional neste período é a ansiedade. Ansiedade enquanto sintoma psíquico, sintoma de que algo não vai bem e está prestes a transbordar. Este sintoma costuma tomar conta das pessoas nesta época do ano. Para alguns, por excesso de expectativa e pressa, como se aquilo que não for feito até as 00H00 do dia 31/12 não poderá ser feito no dia 01/01 e, quisá, nunca mais. É uma fantasia. Nada é tão inflexível que não possa ser modificado ou adaptado. Para outros, tem a ver com as perdas da vida. Perdas dos mais variados tipos e significados, as quais nos esforçamos para não lembrar ao longo do ano mas que nesta época se evidenciam: pelo ente querido que falta à mesa na ceia de Natal, pela troca de trabalho, pela distância de um filho, pelo casamento desfeito, a empresa que faliu, o cachorro de estimação que faleceu. Motivos não nos faltam, e não há fórmula mágica que extermine este sentimento. Faz parte da nossa história. Mas é possível, sim, atenuá-los: conectando-nos a eles, não os negligenciando, estando junto de quem nos ama e nos compreende, e sendo o caso, procurando ajuda profissional. Os anos terminam, mas a vida continua. Um lindo e feliz 2019 para todos nós!


Lisiane Fortuna Psicóloga do NAP