​RELAÇÕES AMOROSAS VIRTUAIS

14 de Junho, 2018

RELAÇÕES AMOROSAS VIRTUAIS

As relações humanas mudaram, assim como o mundo em que ocorrem os relacionamentos também mudou. Neste mundo contemporâneo a Internet desponta como um fenômeno social na esfera dos relacionamentos humanos, sendo que os sites de namoro e os aplicativos apresentam-se como um importante instrumento de acesso ao outro.

Os aplicativos de relacionamento apresentam uma imensa gama de possibilidades tanto de escolhas quanto de formas de viabilizar as escolhas ou de estabelecer a relação. Nos dias de hoje, pode-se afirmar que a Internet se tornou uma via fundamental para contatos sociais. A cada momento, conteúdos podem ser criados, transformando-se em “nova febre” e espalhando-se de forma viral pela rede.

Assim como as mercadorias, Bauman (2004) nos diz que os relacionamentos amorosos contemporâneos têm prazo de validade. Quando deixam de agradar, são descartados, tal como os produtos defeituosos ou fora de moda. Em outros casos, se fazem presentes “as relações de bolso”, em que ambos os parceiros se aproximam e se descartam mútua e continuamente. A relação passa a ser um conveniente investimento para os dois lados, haja vista que o objetivo maior é a satisfação dos impulsos, desde que nenhum dos parceiros se entregue ao envolvimento. O que permanece dessas relações é a sensação de que sempre se pode dar meia-volta. Essa busca desenfreada pode se dar pelo fato de o sujeito dificilmente conseguir alcançar a satisfação em suas buscas virtuais, exibido comportamento compulsivo ao efetuar um número cada vez maior de contatos, ainda que esses não permitam elaboração ou manifestação criativa. É uma tentativa de aliviar a angústia e atingir a satisfação. Comportamento esse, que demonstra ser uma extensão do cotidiano dos indivíduos contemporâneos, onde é exaltada a quantidade ao invés da qualidade.

A Internet é nova, mas a solidão e o desejo de preenchê-la são tão antigos quanto o ser humano. Enquanto trocam-se mensagens, também são compartilhadas emoções, pensamentos, sentimentos e fantasias. Percebe-se que as pessoas conectadas encontram-se cada vez mais sozinhas na segurança de suas casas.

Deste modo podemos pensar sobre a fragilidade dos laços humanos, mostrando como o sujeito contemporâneo tem se sentido no mundo virtual, onde é possível “deletar uma relação em segundos. Se desejar, o sujeito consegue “sair do ar” ou “tirar do ar” com um breve movimento no teclado. Não é mais preciso explicar razões, motivos ou tecer considerações para com o outro. Terminar quando se deseje – instantaneamente, sem confusão, sem avaliação de perdas e sem remorsos.


Ana Lúcia Ody Henkel Psicóloga do NAP